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Em que consiste o Sistema Preventivo e por que se deve preferir
Em que consiste o Sistema Preventivo e por que se deve preferir

São dois os sistemas até hoje usados na educação da juventude: o Preventivo e o Repressivo. O Sistema Repressivo consiste em fazer que os súditos conheçam a lei, e depois vigiar para saber os seus transgressores e infligir-lhes, quando necessário, o merecido castigo. Nesse sistema, as palavras e o semblante do Superior devem constantemente ser severos e, até, ameaçadores, e ele próprio deve evitar toda a familiaridade com os dependentes. O Diretor, para dar mais prestígio à sua autoridade, raro deverá achar-se entre os dependentes, e quase unicamente quando se trata de ameaçar ou punir.

Este sistema é fácil, menos trabalhoso. Serve especialmente para soldados e, em geral, para pessoas adultas e sensatas, que devem por si mesmas estar em condições de saber e lembrar o que é conforme às leis e outras prescrições.

Diferente e, eu diria, oposto é o Sistema Preventivo. Consiste em tornar conhecidas as prescrições e as regras de uma instituição, e depois vigiar de modo que os alunos estejam sempre sob os olhares atentos do Diretor ou dos Assistentes. Estes, como pais carinhosos, falem, sirvam de guia em toda as circunstâncias, deem conselhos e corrijam com bondade. Consiste, pois, em colocar os alunos na impossibilidade de cometerem faltas.

O Sistema apoia-se todo inteiro na razão, na religião e no amor educativo. Exclui, por isso, todo castigo violento, e procura evitar até as punições leves. Parece preferível pelas seguintes razões:

1. O aluno, previamente avisado, não fica abatido pelas faltas cometidas, como sucede quando são levadas ao conhecimento do superior. Não se irrita pala correção feita nem pelo castigo ameaçado, ou mesmo infligido, pois a punição contém em si um aviso amigável e preventivo que o leva a refletir e, o mais das vezes, consegue granjear-lhe o coração. Assim, o aluno reconhece a necessidade do castigo e quase o deseja.

2. A razão mais essencial é a volubilidade do menino, que num instante esquece as regras disciplinares e o castigo que ameaçam. Por isso é que, amiúde, se torna um menino culpado e merecedor de uma pena, em que nunca pensou, e de que absolutamente não se lembrava no momento da falta cometida, e que teria por certo evitado, se uma voz amiga o tivesse advertido.

3. O Sistema Repressivo pode impedir uma desordem, mas dificilmente melhorará os culpados. Diz a experiência que os jovens não esquecem os castigos recebidos, e geralmente conservam ressentimento acompanhado do desejo de sacudir o jugo e, até, de tirar vingança. Podem, às vezes, parecer indiferentes, mas quem lhes segue os passos sabe quão temíveis são as reminiscências de juventude. Esquecem facilmente os castigos que recebem dos pais; muito dificilmente, porém, os dos educadores. Há casos de alguns que na velhice se vingaram com brutalidade de castigos que receberam nos anos de educação. O Sistema Preventivo, pelo contrário, granjeia a amizade do menino, que vê no Assistente um benfeitor que o adverte, quer fazê-lo bom, livrá-lo dos dissabores, castigos e desonra.

4. O Sistema Preventivo predispõe e persuade de tal maneira o aluno, que o educador poderá em qualquer lance falar-lhe com linguagem do coração, quer no tempo da educação, quer ao depois. Conquistando o ânimo do discípulo, poderá o educador exercer sobre ele grande influência, avisá-lo, aconselhá-lo e, também, corrigi-lo, mesmo quando já colocado em qualquer trabalho ou emprego público, ou no comércio. Por essas e muitas outras razões, parece que o Sistema Preventivo deve preferir-se ao Repressivo.

 

(Livro: Não basta amar... A Pedagogia de Dom Bosco em seus Escritos – p.p. 75 e 76)