HOME Notícias

Notícias

Aconteceu no CESAM-GO...

Razão e Religião são os instrumentos de que o educador se deve servir.
Aplicação do Sistema Preventivo

A prática desse sistema baseia-se toda nas palavras de São Paulo“Charitas benigna est, patiens est; omnia suffert, omnia sperat, omnia sustinet” (A caridade é benigna e paciente; tudo sofre, mas espera tudo e suporta qualquer incômodo). Por isso, somente o cristão pode aplicar com êxito o Sistema Preventivo. Razão e Religião são os instrumentos de que o educador se deve servir: deve inculca-los, praticá-los ele mesmo, se quiser ser obedecido e alcançar os resultados que deseja.

1. Deve, pois, o diretor consagrar-se totalmente aos seus educandos; jamais assuma compromissos que o afastem das suas funções. Pelo contrário, permaneça sempre com seus alunos todas às vezes que não estiverem regularmente ocupados, salvo estejam por outros devidamente assistidos.

2. A moralidade dos professores, mestres de oficina, assistentes, deve ser notória. Esforcem-se eles por evitar como a epidemia toda a sorte de afeições ou amizades sensíveis com os alunos, e lembrem-se sempre de que o descaminho de um só pode comprometer um instituto educativo. Veja-se que os alunos não fiquem jamais sozinhos. Por quanto possível, os assistentes sejam os primeiros em achar-se no lugar onde os alunos devem reunir-se; entretenham-se com eles enquanto não vier um substituto; nunca os deixem desocupados.

3. Dê-se ampla liberdade de correr, pular e gritar à vontade. Os exercícios ginásticos e desportivos, a música, a declamação, o teatro, os passeios são meios eficacíssimos para se alcançar a disciplina, favorecer a moralidade e conservar a saúde. Mas haja cuidado em que a matéria das diversões, as pessoas que tomam parte, as falas, não sejam repreensíveis. “Fazei quanto quiserdes”, dizia o grande amigo da juventude São Filipe Néri, “a mim me basta não cometais pecados”.

4. A Confissão frequente, a Comunhão frequente e a Missa cotidiana são as colunas que devem sustentar um edifício educativo, do qual se queira eliminar a ameaça e a vara. Nunca se obriguem os jovens a frequentar os Santos Sacramentos, mas animem-se apenas e se lhes proporcione facilidade de se aproveitarem deles. Nos Exercícios Espirituais, tríduos, novenas, pregações, catecismos, ponha-se em relevo a beleza, a sublimidade, a santidade da Religião, que oferece meios tão fáceis, tão úteis à sociedade civil, à paz do coração, à salvação da alma, como são precisamente os Santos Sacramentos. Dessa maneira, estimulam-se os meninos a querer espontaneamente essas práticas de piedade, e haverão de cumpri-las de boa vontade, com prazer e fruto.

5. Use-se a máxima vigilância para impedir que entrem no instituto companheiros, livros ou pessoas que tenham más conversas. A escolha de um bom porteiro é um tesouro para uma casa de educação.

6. Todas as noites, após as orações de costume e antes que os alunos se recolham, o diretor, ou quem por ele, dirija em público algumas afetuosas palavras, dando algum aviso ou conselho sobre o que convém fazer ou evitar. Tire-se a lição moral de acontecimentos do dia, sucedidos em casa ou fora; mas a sua alocução não deve passar de dois ou três minutos. Essa é a chave da moralidade, do bom andamento e do bom êxito da educação.

7. Afaste-se como a peste a opinião dos que pretendem diferir a primeira Comunhão para uma idade demasiado adiantada, quando em geral o demônio já se apossou do coração dos meninos, com incalculável de sua inocência. Conforme a disciplina da Igreja primitiva, costumavam dar-se às crianças as hóstias consagradas que sobravam da Comunhão pascal. Isso demonstra quanto preza a Igreja sejam os meninos admitidos mais cedo à Santa Comunhão. Quando uma criança pode distinguir entre Pão e pão, e revela instrução suficiente, já não se olha para a idade, e venha o soberano Celeste a reinar na alma abençoada.

8. Os catecismos recomendam a Comunhão frequente; São Felipe Néri aconselhava-a a cada oito dias e ainda mais amiúde. O Concílio Tridentino diz claro que deseja sumamente que todos os fiéis, quando ouvem a Santa Missa, façam também a Comunhão. Porém seja a Comunhão não só espiritual, mas ainda sacramental, a fim de que se tire maior fruto desse augusto e divino sacrifício (Concílio Tridentino, Sess. XXII, cap. VI).

 

(Livro: Não basta amar... A Pedagogia de Dom Bosco em Seus Escritos - p.p. 76 e77)