Para Dom Bosco, centro de tudo é a pessoa. Seu lema era: “Da mihi animas coetera tolle” (Dai-me as pessoas e ficai com o resto). Exprime bem sua atitude pedagógica: o que interessa é a pessoa do jovem. O encontro pessoa a pessoa é tudo para Dom Bosco. Só assim se consegue aquele clima educativo de confiança mútua, imprescindível para a aplicação de seu sistema.

Nessa faina de relacionar-se pessoa a pessoa e de conseguir que os jovens se eduquem, há alguns pontos que são fundamentais. Sem eles, não há método educativo que funcione.

O primeiro é ganhar o coração do jovem. É a lição do sonho dos 9 anos: “Não com pancadas, mas com a mansidão e a caridade que deverás ganhar esses teus amigos.” Para tal, se impõe que o jovem se sinta amado. “Quem sabe que é amado ama: e quem é amado alcança tudo, especialmente dos jovens.” Ganho o coração do jovem, o resto vem como acréscimo.

O segundo é conseguir que o jovem se habite a trabalhar. Se ele não se empenhar na própria formação, ninguém poderá substituí-lo: “caso se possa fazer que adquiram um pouco de gosto pelo trabalho, na maior parte são ganhos.”

Fazer também que o jovem sinta em si a dignidade do homem. Isso vai exigir abertura ao transcendente, a formação de uma consciência moral própria, o relacionar-se com Deus. “Notou-se além disso que à medida que se fazia sentir a eles a dignidade do homem [...], que é racional e deve conseguir o pão de vida com honestas fadigas e não com o roubo; em suma, apenas se fazia ecoar o princípio moral e religioso na mente deles, experimentavam no coração um prazer de que não sabiam dar-se razão, mas que os fazia desejar ser melhores.”

(Não Basta Amar... A Pedagogia de Dom Bosco em Seus Escritos)