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Aconteceu no CESAM-GO...

Juliana Luiza de Souza tem 18 anos e é aprendiz do CESAM em Anápolis.
Com a palavra, a aprendiz Juliana Luiza de Souza

 Para marcar o mês em que se celebra o Dia Mundial Contra o Trabalho Infantil, a jovem redigiu resenha crítica do filme “Anjos do Sol” e ECA. Leia na íntegra o conteúdo produzido pela Juliana, uma das nossas aprendizes apaixonadas pela literatura.

 

Anjos sem asas

O Estatuto da Criança e do Adolescente (E.C.A) reconhece desde 1990, crianças e adolescentes como sujeitos de direitos, ou seja, tem seus direitos previstos em lei; porém, sabe-se que a violação desses direitos é cotidiana e naturalizada na sociedade contemporânea. A infração desses direitos é o tema principal do filme “Anjos do sol”, lançado em 18 de agosto de 2006, a obra cinematográfica nacional ainda explora outras vertentes como trabalho e exploração sexual infantil.

 

O filme inicia-se no sertão nordestino, onde uma família marginalizada tenta a todo custo alcançar o sonho de uma vida melhor, em meio a pobreza e a seca, características naquela região do Brasil. Para isso, o pai vende sua filha; ele acredita que Maria terá uma vida melhor e ajudará a melhorar também a vida de sua família. O futuro de Maria torna-se ainda mais nebuloso quando ela é colocada em um caminhão junto com outras meninas, que mais tarde serão leiloadas para homens. Maria é arrematada juntamente com Inês, uma das garotas do caminhão, por um rico fazendeiro que queria presentear seu filho.

 

As garotas são levadas pelo fazendeiro para exploração sexual, quando o comprador não se vê satisfeito, ele envia Maria e Inês como uma mercadoria para um bordel, localizado em uma vila de garimpeiros na região amazônica, chamada Socorro. Percebe-se que a violação dos direitos das crianças e dos adolescentes não só acontece, como é realizada por quem deveria defende-las, já que no ECA. está previsto a proteção e amparo integrais destes, e que devem ser garantidos por meio do Estado, da sociedade e da família, que são em grande parte das vezes, seus violadores.

 

Após a primeira noite na boate de Saraiva, Inês e Maria optam por fugir daquela realidade. As duas acabam sendo malsucedidas e o dono da boate mata Inês para demonstrar o seu poder para as escravas sexuais do seu bordel e também para os moradores da Vila. Nesta perspectiva, o filme mostra a situação gritante da exploração sexual no mundo. AOrganização Mundial das Nações Unidas (ONU), calcula que o tráfico de seres humanos para exploração sexual movimenta cerva de 9 milhões de dólares no mundo, além de também ser exposta no filme a questão do trabalho infantil.

 

Com a morte da amiga, Maria passa por situações impostas por Saraiva para castigá-la pela fuga, tanto na boate, como na fazenda. Foi notória a situação em que homens mais velhos demonstram interesses por crianças. De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), a pedofilia está na classe das parafilias - caracterizada por um padrão de comportamento onde a fonte predominante de prazer encontra-se em crianças - essa situação é ainda mais incentivada por meio da da cultura com forte embasamento patriarcal no País. Maria foge e continua passando por diversas situações de exploração, e o filme finaliza em meio a essas situações, retratando sua falta de esperança no futuro.

 

Todos os dias a infância, inocência e a dignidade de milhões de crianças é roubada, ferindo diretamente os artigos 15, 17 e 18 do E.C.A, que defendem a liberdade, o respeito e a dignidade de uma das partes mais frágeis da sociedade. Este problema poderia ser minimizado com a conscientização da sociedade e da fiscalização do Estado. É necessário que o mundo se torne um defensor de suas crianças e adolescentes, para que estes possam não só sobreviver, mas viver suas vidas, sendo metaforicamente anjos sem asas.

 

Texto produzido a partir das reflexões em aula sobre o Estatuto da Criança e do Adolescente. A atividade elaborada pelo educador Leonardo Giordanni foi realizada na turma de Integração do Polo de Aprendizagem localizado no município de Anápolis.